sábado, 25 de setembro de 2010


Faz tempo que não escrevo textos, apenas roteiros... não vejo sentido em escrever algo que ninguém vai ler, pois não posso publicar um livro com apenas um texto, por isso escrevo roteiros, sei que um dia posso filmar o que escrever, porém ontem me aconteceu uma coisa que me afetou e despertou em mim o interesse de escrever sobre o assunto, mesmo sabendo que ninguém vai ler... nesse momento não me importo com isso, sabe por que? Leia o texto e saberá... mas já adianto, pra quem está acostumado a ler o meus textos infames, este texto é verdadeiro, infelizmente...

O CACHORRO MAIS FELIZ DO MUNDO

Sempre tive problemas com animais. Problemas sentimentais... prefiro acreditar que eles não tem alma, espírito, não pensam... e assim vivo melhor, chuto um cachorro quando me incomoda, jogo o gato na parede quando o encontro em cima da mesa, piso no caracol pra ouvir a casquinha se quebrando e mato a barata porque ela é barata. Enfim, sós, ou melhor, só. O cachorro some por meia hora, o gato por dois dias, o caracol e a barata para sempre.

Meu problema começou quando eu tinha sete anos de idade e meu padrinho infeliz me deu de páscoa, um coelhinho, lindo, branco com os olhinhos vermelhos. Eu esperava que um coelhinho me trouxesse chocolate, e no entanto um leitão me trouxe um coelhinho... sim, o meu padrinho era um gordo escroto, e certamente o pobre coelhinho ele deve ter adquirido de alguma forma ilegal. Ta certo que quando eu vi o bichinho, lembrei que ele sempre me dava chocolate tipo “sabão” (aqueles chocolates que tem gosto de sabão gaúcho, marca diabo...) e amei o coelhinho desde então.

No outro dia, antes de ir pra escola, enchi a caixinha dele de folhas de repolho, couve e cenoura, pensei em dar salsa, mas alguém me disse que salsa mata coelho, até hoje não sei isso é verdade, mas na dúvida não dei. Quando sai da escola, corri pra casa para ver meu coelhinho. Cheguei e fui logo colocando a mão dentro da caixinha para pega-lo, e gelei ao encostar meu dedo num troço gelado... era ele, meu coelhinho morto e estufado de tanto comer. Então descobri que existe outro perigo que assombra a vidinha dos pobres coelhinhos, eles não tem noção e comem até morrer, não é só a salsa que pode ou não matá-los... aliás, de repente essa história da salsa pode ter ocorrido quando um outro “doninho de coelhinho” encheu o bicho de salsa... ele pode ter morrido de ter comido demais, e não propriamente por causa da salsa. Enfim, chorei uns dois dias diretos... ainda mais quando fiquei sabendo que minha mãe colocou o defuntinho no lixo, junto com casca de batata, de aipim, papel higiênico usado, saquinho de leite e um pirulito sujo de terra (que obviamente deixei cair da boca quando descobri o coelhinho morto)... sim, naquele tempo não separávamos o lixo, aliás, acho que até hoje minha mãe não faz isso... eu faço.

Depois disso jurei que nunca mais teria nenhum tipo de animal, nenhum! Ta certo que tentei peixes de aquário, mas todos os dias amanhecia um boiando... não dava tanta tristeza quanto o coelhinho, pois peixes você não abraça nem pega no colo, mas mesmo assim dava uma tristeza que eu não precisava sentir. Então quando o último peixinho bateu as nadadeiras, troquei o aquário por uma carretilha, uma vara de pescar... já que os peixes morrem mesmo, que morram na minha frigideira.

Começou aí a minha mentalidade de “bicho não tem alma eu sei bem”, e vivi muito bem os últimos vinte e lá vai anos, sem a companhia deles... os animais (exceto baratas, aranhas e outras porcarias que ninguém se livra).

No ano passado, as coisas começaram a mudar quando conheci uma pessoa inacreditável, daquelas que caminham olhando para o chão pra não pisar nas formigas, que não matam nem mosquito, mesmo após ser picada. Um dia, fui mordido por uma formiga, e no meu impulso de sempre, matei ela e umas dez que estavam na volta.

- Não faz isso! Coitadinhas!

- Ela me mordeu essa vaca!

- Mas tu invadiu o espaço delas quando escorou o teu braço no balcão, bem onde elas estavam.

- O balcão é meu! A casa é minha! Elas que invadiram o meu espaço! Quem autorizou esse fuzuê de formigas aqui no meu balcão?

- E tu não matou só a que te picou, tu fez uma chacina!

- Ah, te liga, ta viajando? É só um banda de formiga desocupada.

- O que? Elas tem vidinha também. Elas tem familinha! E tu chama elas de desocupadas, elas que saíram da casinha delas pra buscar comidinha pros filinhos e que agora vão ficar em casa esperando as mãezinhas que nunca mais irão voltar porque tu as matou por divertimento.

Naquele momento eu achei tão engraçadinho o jeito que ela falou, que suspendi a matança por alguns minutos para beijá-la (sim, essa pessoa é minha amada).

Na verdade, essa história das formiguinhas fez com que eu me policiasse ao menos na frente dela e evitasse de matar os bichinhos indefesos, inclusive os insetos, pois segundo ela, todos tem familinha.

Estamos chegando ao presente, onde ocorreram fatos que me motivaram a escrever sobre bichos...

Há cinco meses atrás, surgiram na frente da minha casa, dois gatinhos, filhotes, um preto e um branco. Eram tão pequenos que mal conseguiam andar. Salvei eles dos cachorros que certamente iriam devorá-los, inclusive já estavam prontos pra isso... encontrei a duplinha na hora certa, caso contrário estavam mortos. Fiquei com eles, pois era a única forma de salvá-los, porém ainda fiquei com o pé atrás... e se um deles morrer? E se o que morrer, morrer de uma doença contagiosa e o outro morrer também? Mas tudo bem, gatos tem sete vidas, depois do incidente com os cachorros ainda lhe restavam 6, eu não poderia ter tanto azar de vê-los perder 6 vidas de uma hora pra outra.

No início foi difícil, pois passavam o dia inteiro miando, eram muito pequenos, não deviam ter sido tirados da mãe, pois não sabiam nem tomar leite em pires... tive que comprar uma mamadeirinha e dar de mama pra eles... pois é, quem te viu e quem te vê. Aos poucos me apeguei a duplinha que passava o dia brincando ao meu lado. Eles foram crescendo e conquistando seus espaços, enquanto enchiam a caixinha de areia e quebravam alguns enfeites da estante...

No decorrer desses cinco meses, aprendi muitas coisas com eles, principalmente o poder do whiscas... incrível, devem colocar algum tipo de droga naquilo, não é possível... judiei deles um pouco colocando os dois no filme Vídeo Suicida, onde foram vítimas da esteira e tiveram que contracenar com a bunda peluda do Arroz... mas tudo bem, ganharam salsicha depois (salsicha Perdigão, nada de sacanagem...).

Há quatro semanas, o gatinho preto aprendeu a subir numa árvore pra tentar pegar passarinhos... mas não pegou nada... ainda bem. Na mesma semana, ele descobriu que dava pra subir no telhado do vizinho pela árvore, o gato branco não gostou muito da idéia, pois enquanto o outro ficava lá em cima, ele ficava sem companhia.

Há três semanas, o gatinho branco aprendeu a subir na árvore e já passou pro telhado do vizinho. O preto, que já não achava mais graça em subir, foi dormir e o branco descobriu outros telhados e desapareceu. No outro dia, encontrei ele encurralado no pátio do vizinho, ficou com medo dos cachorros e se escondeu no meio de umas madeiras. Levei ele de volta pra casa, comprei whiskas em sache (que é caro... só dou em datas comemorativas) e os dois gatinhos comemoraram com leite morno noite a dentro quebrando os restos dos enfeites da estante.

Há duas semanas, numa noite de terça-feira, o gatinho branco subiu na árvore novamente e nunca mais voltou. Começou aí uma tristeza que não teve mais fim... o gatinho preto passa o dia miando, pois não entende onde foi parar seu irmãozinho, estava acostumado a comer junto, brincar junto, dormir junto e agora vive só... as poucas horas que fico em casa, o gato fica atrás de mim solicitando carinho, encosta a cabeça nas minhas pernas, fica se esfregando e eu realmente não sei o que fazer pra consolar esse gato. Eu tenho certeza que o gato mais carente da face da terra. Tudo bem, eu consolo ele, mas eu também sofro por isso... parece meio gay isso, mas eu dei de mama pro gatinho e agora ele está perdido em algum lugar dessa cidade cheia de cachorros maldosos.

Cachorros eu falei? Então vamos a última história.

Há uma semana, surgiu um cachorro no meu portão. Filhotão, coisa mais linda, uma mistura de beagle com vira-lata, certamente se perdeu dos “doninhos”, percebia-se ser um cachorrinho bem tratado. Porém, mesmo estando ali, na rua, perdido, ele era o cachorro mais feliz do mundo, não parava um segundo de “loquiar”, passava o tempo inteiro querendo brincar e pior, entrou numas de que era meu cachorro. No primeiro dia, dei atenção pra ele, mas pensei que fosse de algum vizinho. No segundo dia, descobri que ele dormia na grama em frente a minha casa, sendo que esse segundo dia, já era o terceiro que estava chovendo sem parar. Então abri o portão da minha casa e deixei ele entrar na garagem. Ele estava todo molhado, porém bem louco, feliz, pulando em mim e agradecendo a hospitalidade. Deixei ele ali e fui buscar comida, quando voltei ele já havia comido toda a comida do gato... não fiquei bravo, pois não era whiskas, era uma ração vagabunda que já estava ali há dias e o gato só faltava defecar em cima de tanto nojo que ficou da gororoba. Dei pra ele, um pedação de carne crua com osso e ele engoliu tudo em um segundo sem mastigar, pensei “deu, vai morrer engasgado”... que nada, queria mais. Naquele mesmo dia, parou de chover e mandei ele embora... não queria um cachorro defecando no meu pátio. Ele saiu pra rua e retomou a sua rotina, correr de um lado pro outro bem faceiro. A noite, a chuva começou novamente, então abri o portão e ele já foi se aquerenciando na garagem, minha amada descolou uma caixa de papelão, uns trapos velhos e fez uma caminha pro mimoso.

Na manhã seguinte, bateu o sol, comprei ração pro cusco, ele comeu e eu abri o portão pra ele vazar... a idéia era essa, não queria ter cachorro, não queria me apegar em outro bicho, porém o cão mais feliz do mundo era insuportavelmente querido, entortava a cabeça olhando fixo pra mim, gemia pedindo para ficar e tudo mais...

- Pra rua!

Tive que ser grosso pra ele me obedecer. Então disparou pra rua. Então fechei o portão, mas tive dificuldade, pois enquanto eu tentava acertar o buraco do cadeado, ele ficava lambendo minhas mãos pelas frestas da grade...

A tarde, tive que comparecer ao portão pra responder ao questionário do Senso/IBGE... (pois é, até isso tem nessa história), abri o portão pra mulher entrar e ficamos ali mesmo, enquanto eu respondia aquelas perguntas idiotas, o cachorro ficava pulando em mim. Surpresa com a facerice do bicho ela me perguntou:

- Qual é o nome do cachorrinho?

- Essa pergunta é importante pro desenvolvimento do país?

Ela ficou sem jeito.

- Não é uma pergunta do questionário, é curiosidade minha mesmo... desculpe-me.

- Desculpe-me você, eu me confundi... não sei o nome dele, não é meu, esse cachorrinho ta perdido por aí.

- É, mas ele gostou de você.

Em outros tempos, e caso ela não fosse uma baranga, eu certamente diria:

- E você?

Mas naquele momento eu pensei no cachorrinho alucinadamente feliz que não parava de pular em mim “Eu não quero ter cachorro, mas como mandar embora um cachorrinho desses? Tão feliz, tão querido, tão fofinho?”.

A mulher saiu e eu tranquei o portão novamente, com o cachorrinho do lado de fora. Ele ficou me olhando, de pezinho com as patinhas escoradas na grade, carinha de abandonado, admirei aquela figura por um tempo, mas fui forte, entrei e deixei ele lá, estava trabalhando em casa e tinha coisas pra fazer.

Quinze minutos depois, um vizinho me chamou.

- Tu viu o que aconteceu com o teu cachorrinho?

- Não é meu cachorrinho!

Mas logo pensei no pior... e ele concluiu:

- Um caminhão deu no meio dele.

- Tem certeza que é o meu cachorrinho?

- Sim, ta atirado no meio do asfalto. Vem ver...

Fiquei chocado. Claro que eu não quis ir vê-lo. Mas também pensei “se eu não tira-lo de lá, ninguém irá tirar... e certamente minha amada terá um treco quando vê-lo”. Peguei um saco plástico e fui. Quando cheguei em frente ao meu portão, o mesmo portão que eu havia fechado pra ele não entrar, dei de cara com o cachorrinho contorcido no meio da rua. Foi a única vez que o cachorrinho mais feliz do mundo, não pulou em mim.

Peguei ele, coloquei no saco, dei um destino que não importa agora, entrei no meu pátio, não consegui trancar o portão, entrei em casa e não parei mais de chorar.]

A dor da culpa é a pior que existe. O coitadinho só queria um lar, um “doninho”... e havia escolhido eu, porém eu escolhi ser egoísta.

Penso em tudo que poderia ter mudado essa história, qualquer detalhe deixaria ele vivo... tudo bem, um cachorrinho louco daquele jeito, que não parava um segundo de brincar, certamente não iria durar muito na rua... na rua, no meu pátio teria sido diferente...

Hoje saí de casa pra trabalhar, passei pela garagem e vi a caminha improvisada e a tigela com ração... é uma dor inexplicável, se eu pudesse voltar atrás levaria ele pra dentro de casa, deixaria dormir comigo!

Eu não queria ter um cachorrinho pra não sentir a dor da perda, porém ele fez parte de apenas dois dias da minha vida, sem ser meu oficialmente, e causou um estrago sentimental que eu não sentia desde os meus sete anos de idade. Talvez seja o meu perfil, o meu signo, a minha personalidade que me impossibilite de ter animais, pois sou muito sentimental, porém tem gente que não sofre por isso, nem morte, nem desaparecimento, deixo como exemplo um amigo, que tinha há anos uma cadelinha “linguicinha”, um dia ele chegou atrasado a um compromisso e justificou seu atraso desta forma:

- Fui sair de casa, dei uma ré no carro e passei por cima da cadelinha. Demorei porque tive que limpar o chão, pois ela tava cheia de filhotinhos.

E ele me disse isso como quem diz “me atrasei porque tava tomando uma ceva”. Imaginem só... se fosse comigo eu morreria junto.

Porém concluo com isso, com a história do coelho, dos gatinhos e do cachorro mais feliz do mundo, que eu era mais feliz, ou menos triste, quando não havia nenhum animal na minha vida, exceto eu mesmo.

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

MULHER DO PADRE !


Não gosto muito desse conto (é uma adaptação de um roteiro de um curta que nunca fiz), porém estava na hora de postar algo... vai esse mesmo! Um tipo de drama... ta mais pra negro humor do que pra humor negro... talvez uma justificativa para aquela idiotice (que vem desde os tempos de criança) de que o último a chegar é mulher do padre.


Três meninos saem da escola. Eles são: Marcos, João e Adair. Marcos é negro, João é descendente de alemães e Adair de índios. Eles estão caminhando em silêncio até que Marcos resolve abrir a boca:

- Eu queria falar uma coisa com vocês.
João foi logo se atravessando na frente do assunto pensando em se defender.
- Já sei, é sobre a missa de ontem, eu não achei o vinho, por isso tive que dar suco de groselha para o padre.
- Não é nada disso! Ontem eu vi que você se atrapalhou todo na missa mesmo... mas não é nada sobre isso que eu quero falar. É sobre a mulher que irá visitar o orfanato hoje à tarde.
Adair não perdeu a oportunidade de tirar a esperança de Marcos.
- Vai me dizer que você tem alguma esperança?! Não é mais um bebê e ainda por cima é feio.
João arrematou (meio que demonstrando um resquício de preconceito camuflado).
- E negro!
- É justamente por isso que dessa vez eu tenho chance, a mulher é negra... e quer um menino grande.
João demonstra interesse.
- Mas ela pode querer um guri branco, assim como eu.
Adair discorda.
- Só se for para maltratar. Ouvi dizer que quando alguém adota uma criança de cor diferente da sua é só para maltratar, fazer de escravo!
- De qualquer forma, existem outras crianças negras no orfanato – disse João, tentando acabar com a esperança de Marcos.
- É, mas o padre disse que vai me ajudar!
Adair afirma com uma certa mágoa.
- Ele diz isso desde que eu nasci!
João concorda.
- Sempre diz!
Marcos não gosta muito do que ouve. Todos ficam tristes ao lembrar do padre. Eles param de andar e olham a igreja lá do outro lado da pequena cidade. Rapidamente, Adair diz:
- Hoje é a sua vez João.
- Não é nada! Eu fui ontem.
Marcos afirma.
- Ontem fui eu.
- Então é você João.
João fica bravo.
- Você não manda em mim!
E Adair que sempre foi o mais “pavio curto” dos 3, diz:
- Se você não for, eu te encho de porrada!
Marcos, o apaziguador entra em ação.
- Chega! Não adianta a gente ficar brigando, o padre está esperando. Eu já sei como resolver isso...

Marcos estica a perna para frente e se posiciona como um atleta de maratona. João olha curioso para Adair que também não estende nada.
Marcos explica:
- O último que chegar é!
Os outros dois meninos se posicionam ao lado de Marcos. Ficam os 3 olhando fixos para frente, prontos para disparar o mais rápido possível. O olhar de Marcos para cada um dos dois quis dizer “FOI!”. João e Adair disparam correndo alucinados enquanto Marcos vacila um pouco na largada, propositalmente.

Av. Pres. Jader Bertola: João lidera a corrida tranqüilamente, até perde tempo lendo uma propaganda num outdoor “Contra prisão de ventre tome Vaza Toba, o infalível!”, continuou correndo, porém com diversas dúvidas na cabeça: O que vem a ser prisão de ventre? Será que tem a ver com a dança do ventre? Será que é uma prisão para dançarinas de dança do ventre? Pode até ser, já que o padre disse que aquela dança é pecado... e geralmente pecado é crime... assim como assassinato, roubo, essas coisas.

Praça do Mendigo Punheteiro: Adair em segundo lugar, corre desesperado, está quase no meio da praça.

Rua das bergamotas: Marcos em último lugar, não parece nem um pouco preocupado com sua posição na corrida, tanto que até se deu ao luxo de dar um belo chute na bunda do banzé (cachorro da dona Jandressa que estava “grudado” na cadela sem vergonha – que ninguém sabe o nome – do dono da tabacaria – que ninguém lembra o nome).

Igreja de São Valadão: João chega na escadaria da igreja e cai de cansaço. Logo após chega Adair. E por último, Marcos. Abre-se a porta da igreja. É o padre, ele olha para os meninos e aguarda a subida de um deles. Marcos olha para seus amigos, os dois estão de cabeça baixa. Sabendo que foi o último a chegar, ele sobe os degraus rapidamente e entra na igreja. O padre olha para os outros dois e sorri (o brilho do dente de ouro chega a cegar os meninos, e ambos sentem um frio na espinha ao lembrar do que aquela boca podre – e aquele dente bagaceiro – já foram capazes de fazer).

João e Adair vão embora de cabeça baixa. O padre entra e fecha a porta.
João comenta com Adair:

- Fiquei com uma dúvida.
- Se é o que estou pensando, também acho.
- Acha mesmo?
- Ele perdeu de propósito...
- Não é essa dúvida, isso ficou claro, problema é dele!
- O que é então?
- Você sabe o que é prisão de ventre?
- É um tipo de cadeia feminina... pra mulher vagabunda que dança feito uma lombriga.
- Eu sabia!

terça-feira, 4 de setembro de 2007

ARREPENDIMENTO MATA!


Este é um conto de ficção cientifica (e eu não gosto de ficção cientifica), mas tive que escrever para participar de um concurso (obviamente fiz do meu jeito, você encontra semelhança com meus outros textos... incluindo um sacaneamento básico ao McDonald´s), então escrevi uma história que se passa no futuro... um futuro onde não existe mais oxigênio puro e gratuito, e que “arrependimento” mata... sim, exatamente, o sentimento de arrependimento, mata!
Consegue imaginar tamanha viagem? Eu consegui... e fiquei com medo... hehehe!


Leonel estava em casa passando suas fotos digitais para o seu Laptop G-2080 (a grande novidade do ano), a cada foto visualizada, sentia-se um velho, mesmo nunca tendo apresentado um fio de cabelo branco nos 30 anos vividos. Sentiu uma saudade ao ver a foto dos seus pais (mortos há quase 10 anos)... ficou feliz ao ver a foto de Toniolo, seu amigo (maluco) de infância (que sempre foi uma pessoa fora do comum, uma alegria para qualquer ocasião... exceto quando tentou estuprar a Larinha – namoradinha de Leonel – dentro do fusca 77 do seu pai)... até que surgiu na tela, a foto de Rebeca, sorrindo, agarrada ao seu pescoço, ambos com uma expressão apaixonada. Ele ficou alguns minutos observando a foto, até que começou a sentir a mesma falta de ar, rotineira. Correu em direção do armário do quarto, local onde ele guardava os medicamentos de emergência. Tomou 3 comprimidos de Tymo-R 100 mg, então aos poucos foi voltando ao normal. Ao colocar o frasco de comprimidos de volta na gaveta, percebeu ser o último, estava chegando a hora de ter que sair de casa para comprar mais. Sentou-se de volta em frente ao laptop e sem olhar muito, deletou a foto de rebeca. Foi até uma pasta chamada “Rê Amor”, e deletou a pasta também. Levantou-se, caminhou até o Arnew e regulou o aparelho na posição Amazônia. Ainda não estava muito familiarizado com o novo aparelho, seu antigo Arnew, apenas purificava o ar do ambiente, de forma que ficava possível a respiração, porém, o cheiro da poluição ainda dominava o local, não havia como purificar odores. O novo Arnew, desenvolvido por uma empresa alemã, trazia uma excelente novidade, 10 tipos de ares diferentes (assim como Amazônia, África do Sul, Groelândia, Nova Zelândia...), semelhantes ao ar que existia nesses lugares há 100 anos atrás, quando podia-se respirar na rua tranqüilamente sem auxilio dos Arnew´s, nem os Oxpod´s (respiradores portáteis).
Leonel estava sentado no vaso sanitário, enquanto ouvia a televisão do box (única tv da casa, já que Leonel só tinha o habito de ver tv no banheiro, pois depois que ela ficou inteiramente interativa, perdeu toda a graça). De repente, uma notícia corriqueira prende a atenção dele: O novo Papa é encontrado morto! Com este, já eram 3 Papas mortos em menos de 1 ano, assim chegaria ao ponto que ninguém mais iria querer ocupar este cargo da igreja católica. Os 3 Papas haviam apresentado o mesmo resultado na autopsia digital, morte por arrependimento, a mais moderna epidemia mundial. Depois que Dan Nikaheltz – renomado cientista – descobriu a cura da AIDS em 2027, o mundo voltou a entrar em pânico, anos mais tarde, quando ocorreu o fenômeno Delety: milhares de pessoas apareciam mortas de um dia para o outro, sem nenhuma explicação. Depois de muitos estudos, cientistas desvendaram o fenômeno, que passou a ser chamado de Efeito Arrependimento, ou seja, a velha frase “se arrependimento matasse” havia virado uma cruel realidade. O mundo teve que se adaptar aos novos fatos, nada voltaria a ser como era antes, instituições importantes como o casamento haviam sido banidas, pois eram inúmeros os casos de casais que morriam em apenas 3 meses de casamento, o simples ato do matrimonio já estava sendo considerado um tipo de suicídio, até mesmo pelos 4 poderes. Começa com um pequeno sintoma de arrependimento, causa uma falta de ar que vai acelerando até parar o coração, igual a que Leonel acabou de sentir a pouco quando viu a foto de Rebeca e lembrou-se de que a largou um dia antes do casamento para voltar para uma ex namorada de infância (Laura, “Larinha”), levando Rebeca ao suicídio. Ta certo que naquela época, o homem ainda não sofria desse mal, então podia tomar decisões por impulsos, arrependimento era apenas um sentimento que servia como um aprendizado, só isso. Os próprios pais de Leonel foram vítimas desse mal, pois o velho Egidio (seu pai) morreu de arrependimento ao ter traído a dona Alzira (mãe de Leonel) com Diva, a empregada da vizinha (uma mulher vulgar e asquerosa), morreu dois segundos depois de ejacular na boca dela (no bigodinho bagaceiro, pra ser mais exato), e dona Alzira, logo após a morte do marido, pensando que o arrependimento que havia causado a morte dele fosse o fato de ter casado com ela, morreu de arrependimento por não ter fugido com Zezé (um argentino, trapezista de um circo que ficou uma semana na sua cidade natal) quando ainda era uma adolescente e estava apaixonada pelo rapaz (seu primeiro homem), mas não teve coragem de ir embora com ele, contra a vontade de seu pai Sabino (avô de Leonel, antigo dono da banca de jogo-de-bicho da cidade de Cachorro Molhado) e acabou casando com Egidio, que na época era um capacho do senhor Sabino. Leonel terminou seus “afazeres” fisiológicos, constatou a falta de Yeder Higiênico (substituto do antigo “papel”), sendo obrigado a ir direto para o banho.
No dia seguinte, Leonel dedicou-se toda a manhã em colocar música a letra que havia escrito há meses, porém, por falta de tempo e vontade, até hoje continuava apenas no Word3d. Arrependeu-se um pouco de algumas frases da letra, corrigindo rapidamente, sem dar tempo ao mal estar e a falta de ar.
As 15 horas, alguém toca a sua campainha, Leonel olha para o monitor da porta e percebe um homem com um capacete verde limão (com uma ilustração do rosto de Zé Pequeno, o popular bandido do antigo filme “Cidade de Deus”), ele abre a mesma, pois sabia que seria difícil ter dois homens de capacete com uma cor tão ridícula na mesma cidade, tratava-se de Nestor, seu amigo e ex sócio (há anos eles tinham uma locadora de Jota Gindru´s, até surgir o Jota Roots e dominar o mercado). Nestor entrou, tirou seu capacete de Oxpod e respirou profundamente o bom e velho ar da Amazônia particular de Leonel.

- Rapaz! Quanto tempo?!

Realmente fazia tempo que Nestor não aparecia, e Leonel não costumava sair de casa, pois do jeito que o mundo estava diferente, certamente poderia se arrepender depois.

- Pensei que tu até já tinha morrido!

Era comum ouvir esta frase, pois haviam mais pessoas morrendo do que nascendo.

- Quase morro todos os dias, mas estou vivo, ainda bem. – respondeu Leonel, orgulhoso por estar vivo.
- Ta difícil pra todo mundo, não é fácil, ta todo mundo morrendo, ontem morreu 5 pessoas lá no meu prédio, hoje já morreu 2 (isso até a hora que sai de casa), agora, no metrô aéreo que peguei ate aqui, duas pessoas morreram, duas que estavam de pé...
- Eu sei, é o arrependimento de “por que eu não esperei o próximo trêm?”...
- É verdade – rindo enquanto fala – isso acontece direto!
- Mas então, me conta, como estão os negócios? Quando vai abrir a tua lanchonete?
- Tu nem sabe, deu pane nos meus planos.
- O que foi?
- Tu sabe que eu tava motivado a colocar uma lanchonete devido ao fechamento da rede de McDonald´s...
- Sei, os donos da rede se arrependeram e tudo mais, eu sei...
- Só que agora, várias industrias, vendo o que aconteceu com McDonald´s, fecharam as fábricas, recusam-se a continuar produzindo certos alimentos e condimentos, tipo catchup, mostarda, hambúrguer, salsicha... os caras enlouqueceram, estão com medo do arrependimento futuro...
- Eles não deixam de ter razão Nestor, é óbvio que a longo prazo, perceberão o mal que seus produtos fazem ao ser humano e ao planeta (o pouco de natureza que ainda existe), e acabarão se arrependendo, isso é uma coisa certa.
- Pois é, vou ter que investir em outra coisa, só não sei no que.

Ambos sabiam que o mercado farmacêutico era o único e certeiro no momento, pois ninguém poderia viver sem Tymo-R, porém, precisavam de milhões pra entrar nele, o que estava fora de cogitação, já que Leonel era um músico fracassado (ele não achava isso, caso contrário já estaria morto) e Nestor, um talentoso vendedor (mas atualmente não conseguia nem vender seu peixe, pois estava desempregado há anos).
Passaram-se algumas horas, a segunda garrafa de vinho já estava pela metade e Nestor ainda não tinha coragem de falar o verdadeiro motivo que havia lhe levado até ali.

- O que você quer me falar afinal?
- Tudo bem, não vou mais enrolar. Você lembra do Marenco?
- O meu colega de neuro-linguística?
- Esse mesmo. Tu sabe que ele aproveitou o sucesso da clínica de PNLD (programação neuro-linguística digital) e colocou um banco com um sócio americano?
- Sei, o único banco no planeta protegido de arrependimentos por causa das técnicas psicológicas...
- Quase isso, não são bem técnicas psicológicas, mas é por ai...
- O que tem ele?
- Bem, andei fazendo um trabalho de uma semana no banco, e te digo, nunca vi ninguém ganhar tanto dinheiro... não sei nem se a Tech Pharm ganha tanto dinheiro vendendo Tymo-R, quanto eles ganham naquele banco!
- Serio?
- To te falando... então, estava lá eu, fazendo meu trabalho, quando percebi diversos furos no sistema, coisas absurdas, erros inadmissíveis para uma empresa daquelas. Como eu posso te dizer... Nestor, é muito fácil roubar do banco.
- Era só o que me faltava!
- Cara, é sério, é muita grana, e ta de barbada, só esperando a gente! Eu tenho tudo articulado, eu só preciso que você vá junto comigo e me espere no carro com ele ligado, também vou precisar do teu capacete Oxpod, já que o meu está manjado.
- Mas isso é muito perigoso, se formos pegos é arrependimento na certa!
- Não tem como ser pego, eu to falando!
- E se dá uma pane?
- Pane?! A gente vive numa pane! Vai fazer o que Leonel? Vai ficar a vida inteira trancado em casa pra não se arrepender?! Um dia você irá se arrepender de ter ficado trancado em casa, não tem saída!

Leonel pensou por alguns segundos, mas o medo foi mais forte.

- Eu não posso, me desculpa, mas eu não posso...
- Tudo bem, entendo... mas ao menos você pode me emprestar o teu Oxpod? Te entrego na seqüência.
- Tudo bem, deixe-me o teu ai, caso eu tenha que sair...
- Se tiver que sair, irá se surpreender, como este capacete chama a atenção na rua – mais um ataque de risada sem graça.
- Não é pra menos, com essa cor...

Nestor saiu com o Oxpod branco, velho capacete de Leonel.
Na tv, nova lista de celebridades mortas na semana. A cada dia ficava mais difícil encontrar um programa bom na televisão, já que os que ousavam fazer algo descente, acabavam se arrependendo na hora de buscar apoiadores. Leonel desligou a tv e foi dormir. Uma semana depois. Toca a campainha, é um rapaz com um Oxpod amarelo, funcionário dos Correios (pois é, ano de 2080 e os imbecis dos Correios ainda não haviam aderido a maquina de tele-transporte), ele entrega uma caixa para Leonel. Um sedex internacional, direto da Austrália. No bilhete em anexo dizia: Grande amigo Leonel, lembra do meu plano? Deu tudo certo! Estou aqui, muito feliz! E rico! Hehehe! Pensa que esqueci de você? Nunca esqueço dos amigos! Estou te enviando o teu Oxpod, foi muito útil, valeu mesmo! Pode ficar com o meu, consegui outro da mesma cor aqui. Grato por tudo, Nestor. Ao abrir a caixa, Leonel encontrou o seu capacete branco, soterrado por farelos de isopor. Andou pela casa carregando o aparelho na mão, largou sobre o piano e encheu um copo de whisky, sentou-se no sofá e ficou a observar o Oxpod. Pensou na oportunidade que havia deixado passar, poderia ter enriquecido em menos de duas semanas, quanto dinheiro havia perdido porque tinha medo de um provável arrependimento, começou a sentir uma pequena falta de ar. Baixou os olhos um pouco abaixo do capacete e observou o piano, lembrou então do passado, em todos os anos que passou dedicando-se aquele instrumento, de todas as besteiras que fez em busca do sonho de um dia ser um músico famoso, da faculdade de PNLD que ele havia abandonado pra ir tocar piano em Lisboa, e que hoje poderia estar formado, certamente seria um sócio de Marenco na clínica ou no banco... a falta de ar aumentou consideravelmente... Leonel correu em direção do armário, abriu a gaveta dos medicamentos, pegou o frasco de Tymo-R e encontrou apenas 2 comprimidos, o que não seria suficiente nem para combater um arrependimento, muito menos, vários. Ele tomou os dois comprimidos, verificou bem pra ver se não havia outro frasco, constatando que não, arrependeu-se de não ter comprado mais, na última vez que esteve na farmácia... ficou tonto, caiu no chão, precisava chegar até o teleweb e ligar para o serviço de web-entrega, rastejou até o aparelho, então lembrou que o número do serviço estava em um ima de renger ice (antiga geladeira) lá na cozinha, arrependeu-se de não ter decorado o número, rastejou até a porta da renger, decorou os 12 dígitos e voltou até o aparelho teleweb, clicou no botão “iniciar” e digitou os números, então ouviu a mensagem da empresa servidora, avisando que seria impossível completar a ligação enquanto não fosse pago a conta do serviço que estava em atraso... arrependeu-se de não ter pago a conta do teleweb. Percebendo que não havia muito tempo de vida, ficou ali no chão, deitado em posição fetal, fazendo uma retrospectiva de sua vida... arrependeu-se de tudo que havia vivido até o momento, tudo que deixou de fazer com medo de se arrepender... de não ter concluído a faculdade, de ter se dedicado apenas a música, de não ter vendido o piano e torrado a grana num puteiro de luxo, de não ter aceitado a proposta de Nestor, de não ter comprado mais Tymo-R, de não ter decorado o número da tele-entrega, de não ter pago a conta do teleweb e do que fez com a linda e meiga Rebeca... arrependeu-se do fundo do coração, no exato momento em que o mesmo parou para sempre. E morto, arrependeu-se de morrer.

quarta-feira, 11 de julho de 2007

Trailler do Livro

Trailler de livro? Como assim? Nunca ouvi falar nisso...
Pois é... mas o meu livro tem um trailler... ta certo que não é nenhuma super produção, é um vídeo muito bem bolado, porém feito para o youtube, de forma caseira (mas justificada)...
CONFIRA! É um sarro!!!

http://br.youtube.com/watch?v=lj-vFlqSddI

Você encontra o livro na LIVRARIA CULTURA (em qualquer lugar do país), ou em Porto Alegre na PALAVRARIA e LIVRARIA DO GLOBO, e em Alvorada, na AQUARIUS... qualquer coisa, prede-lhe o grito no 51 91328199 .

sábado, 7 de julho de 2007

Eu Odeio o Orkut !



Nove horas da manhã do dia 13 de janeiro. Jader, que estava sentado na frente do computador, estava com o celular encostado na orelha ouvindo alguém falar. O silêncio tomava conta da sala, até que ele emitiu um som, saiu da sua boca e foi a palavra “adeus”. Desligou seu celular e colocou o aparelho sobre a mesa. Ele olhou para a tela do micro que estava na página do Orkut e clicou com o cursor do mouse em editar perfil, foi no item relacionamento e alterou de namorando para solteiro. Era Bruna ao telefone, sua namorada, ou melhor, sua ex-namorada, já que ela havia ligado para acabar o namoro de poucos meses. Ele olhou fixo para o álbum de fotos do seu perfil (onde haviam 12 fotos, sendo que 11 eram de Jader abraçado em Bruna, a outra restante era ela sozinha com o texto abaixo “Meu nenezinho!”), então começou a deletar foto por foto. Percebia-se grudado na porta do quarto, um calendário com a data do dia circulada com batom vermelho, escrito: “Dia do niver do meu amorzinho!” Ou seja, o batom era de Bruna, o amorzinho era Jader, e o “niver”, era o aniversário dele, 13 de janeiro, o dia em questão.
O relógio digital dava o sinal de meia-noite. Chegava o final daquele domingo tenebroso (o pior aniversário da vida de Jader), nem sua mãe havia ligado pra lhe dar os parabéns. A única ligação foi a de Bruna, que além de acabar o namoro, também não lhe deu os parabéns. Deu apenas uma saída de casa, foi até o mercado comprar gin, tônica e cigarro... só percebeu que comprou cigarro (sendo que não fuma) quando chegou em casa, mas daí já era tarde demais. Com um cigarro (apagado) no canto da boca, ao som de Choram as rosas, de Bruno & Marrone, e dominado pelo gin com tônica sem gelo (pois o Gago tinha usado os últimos cubos tomando “samba” com fanta e não colocou a forminha cheia d´água de volta ao congelador), Jader começava a digitar seu último scrap (até o próximo porre):

Jader:
Acho uma falta de consideração agradecer os “parabéns“ pelo meu aniversário através de “spam”, porém, recebi tantos recados que serei obrigado a usar de tamanha deselegância:
Muito obrigado! Meu aniversário foi ótimo! Não imaginava receber tantos parabéns.
RECEBI:
9.856 scraps
2.658 mensagens no celular
955 telefonemas (somente 315 a cobrar!)
571 cartas e cartões (ainda tem gente que manda)
83 pedradas na janela (uma quebrou o vidro)
5 mensagens ao vivo (um dos carros eu consegui explodir!)
2 pombos correio (foi a janta de hoje)

Referente a dúvida do porque não está mais escrito “namorando“ abaixo do meu nome, não trata-se de mais um erro do Orkut, e sim, mais um erro do destino que insiste em me apresentar um “BAD, BAD SERVER” quando penso estar feliz... mas tudo bem, bola pra frente! (odeio essa expressão, nem sei porque usei...)
Candidatas a namoro, mandar currículo (c/foto de corpo, frente e costas) p/minha mãe. Importante destacar PRETENSÃO, NÃO SER FUMANTE E UM PARECER SOBRE O FILME “SUPER SIZE ME”.

Bjos e vazei!

Ele foi na barra de ferramentas, clicou em editar, depois em selecionar tudo, apertou as teclas control e C, entrou nos 745 perfis de seus amigos, apertou control e V, desligou o computador, deitou-se na cama e chorou.

domingo, 10 de junho de 2007

PARADA DO ORGULHO GREB

Você já ouviu falar em Jonas Greb?
Sim, aquele radialista paulista que disse que gaúcho tem que ir pro inferno, que não é gente e todas as barbaridades que nem um imbecil seria idiota o suficiente pra dizer numa rádio... pois é, mas ele disse.
Primeiramente vamos deixar claro que adoro São Paulo e obviamente os paulistas, então não vou entrar na onda deste panaca... também não gosto de futebol e só estou comentando sobre o fato porque ele ofendeu os gaúchos, e não somente os gremistas, que é meu time mas não estou nem aí com discussões futebolísticas... elas me irritam.
Mas senti uma necessidade em escrever um texto em homenagem ao nosso amigo facerinho... prepare-se Bigodão de Sabiá... lá vai!


ANO 5264 antes de Cristo, muito antes de Freud, Brizola, Rogério Skylab, e longe pra cacete do Pelé (e não vou falar que o Maradona é o rei do futebol pra não me incomodar com o pessoal do Santos... também não vou falar nada sobre o Garrincha, vamos fazer de conta que ele não existiu, daí fica mais tranqüila a posição do rapaz de Três Corações).

Entre a caverna hf+g!du#7 e a sanga bjidu-bjidu*, foram encontrados dois membros da tribo dos Greb´s, de sexo (externo) masculino em ato de procriação... (por ser considerado um desperdício de sêmen já que nenhum dos dois possuíam útero), então o grande mestre Jahgoza achou que deveria expulsa-los da região (San-Tóbas) para dar um bom exemplo aos demais.
Perdidos no mundo, porém juntos, felizes e “se pegando na correria” como eles mesmo denominaram a relação quando estiveram no Programa Caldeirão do Abutre (um programa de entrevistas de um representante de uma tribo de canibais, onde o convidado ficava num caldeirão sendo cozinhado enquanto o radialista idiota Abutre ficava fazendo piadas sem graça na volta), foi que os ex Greb´s decidiram mudar o nome da tribo, então colocaram um “J” na frente pra disfarçar um pouco.

ANOS 80 depois de Cristo, Capitão Rodrigo Cambará, Lampião, Lennon, Mazaroppi...

Roberta Pose, decendente da antiga tribo dos Jota Greb´s (agora sociedade) vem ao público reivindicar o direito da troca de sexo, troca de nome e troca de tampas de margarina “Claybom” (que segundo promoção da época você poderia trocar 10 tampas por uma outra margarina, mas Roberta e seu grupo reivindicavam o direito de trocar por uma morcilha grossa).

ANOS 90 depois dos 3 Karate Kid´s

Um dos líderes da comunidade Jota Greb´s é flagrado fazendo boquete na estátua do Laçador de Porto Alegre. O individuo é preso... porém curte bastante a idéia, pois ao ser preso divide a cela com Guilherme de Pádua e Totonho Piçudasso, e juntamente com os 2 (amiguinhos) ele promove shows de dança (gay) para os demais presos.

ANUS arrombados...

Após o sucesso na prisão de Cutizambol, o descendente dos Jota Greb´s decide liberar geral e assumir ao mundo seu orgulho por ser um filho mimoso do povo facerinho...
O Brasil pára para ver a Parada do Orgulho Gay, e um cidadão denominado Jota Greb pára a Parada com um grito de “Vão pro inferno!”, a bicharada estupefata com a audácia do ser rosado (ele vestia um terno rosa pink e um colar feito de beterrabas). Greb pegou o microfone (que era em forma de um pênis), chegou cair água da boca ao olhar o aparelho, pois sentiu vontade de abocanhar, mas achou que não era o momento de se divertir, tinha muita coisa pra falar... e falou:
-Eu odeio os gauchinhos! Por vários motivos! O principal é porque sou apaixonado pelo Renato Portaluppi desde que era uma pivetinha, e ele sempre me esnobou (e olha que naquele tempo eu não tinha esse bigodinho de roçar esterco)... Mas também odeio os gaúchos porque o pessoal do Casseta & Planeta tira sarro deles como se eles fossem todos gays... e isso é um absurdo, pois há anos viemos dando a bunda dia após dia e não conseguimos essa fama... é injusto! Outra coisa: os gaúchos são grossos! Nos arrombam todos! Fedem a fumaça de churrasco! Odeio eles! Não são gente! Ai, ninguém merece!

Nisso, um dos organizadores do evento (que namorava um gaúcho) jogou uma pitanga na cara de Greb... que não agüentando o impacto caiu do palco (todos Greb´s são muito sensíveis).

ANO 2015 depois de Che Guevara, Silvio Santos, Toni Blair, Jorginho (aquele gurizão tosco que era garoto propaganda das Casas Bahia)...

Em Santos, pra ser mais específico, no estádio da Vila Belmira, organizado pelo Grande Mestre Jota Greb a PRIMEIRA FESTA DO ORGULHO GREB... a festa é o maior sucesso! Show com Menudo “Cover” e Village Belpeople, com lançamento do filme “O Segredo de Grebelmiro Mountain” um romance bem gay. O único incidente lamentável foi de o recolhimento de um panfleto que estava sendo distribuído pela festa, que ensinava a chupar pau de cachorro... mas o IBAMA interferiu, deu a maior polêmica e foram recolhidos.

ANO 2124 depois de Marcos Valério, Ivete Sangalo (graças a deus!), Manoel Carlos (vivaaa!), Jota Greb...

Alguém não identificado (porém impossível não percebe-lo, pois estava usando uma camisola rosa com penas de pavão enfiadas na bunda) larga as cinzas do genial Jota Greb sobre o gramado do extinto estádio da Vila Belmiro (que depois de 2024 passou a ser chamado de Bebel, até fechar em 2086 por falta de purpurina).
E este foi o fim da saga dos “greb´s”.

O SITE DA FELICIDADE

Mais um texto piradaço...
Não custa nada, basta você esticar seu braço levando a mão até o mouse, colocar o cursor sobre este endereço e clicar no botão esquerdo. Este site tem tudo que você precisa para ser feliz, e olha que estou falando sério mesmo! Recentemente, eu me encontrava numa fase difícil da minha vida, em busca de uma solução para solucionar meus problemas, então pesquisei no google, coloquei lá: “como suicidar-se facilmente”, logo apareceram várias formas que me deixaram realmente entusiasmado, já que eram fáceis e sem custo algum, do tipo: se enforcar com o fio do mouse, tomar uma sopa de disquete (com fotos do Presidente Bush) e aspargo, ouvir um cd do Alexandre Pires 666 vezes, gritar “Eu odeio o orkut!” em uma festa de adolescentes... e por aí vai. Mas o que mais me chamou a atenção foi o texto referente ao site acima citado:
Acredita na felicidade? Claro que acredita! Pelo menos um dia na sua vida, você com certeza esteve feliz, mesmo que tenha sido por alguns segundos no tempo de escola, quando ficou sabendo que a professora chata (de matemática) havia faltado... até o momento em que o diretor careca anunciou a professora substituta (que era 10 vezes mais chata). Você já foi feliz imaginando algo? Quantas vezes sonhou com algo que poderia acontecer, algo que você queria realmente que acontecesse? Como por exemplo, cada vez que você joga na sena e fica pensando o que fará com o dinheiro do prêmio: dar 1 milhão pro seu pai, 1 milhão pra sua mãe, meio milhão pro seu irmão, 100 mil pra tia Jorgete (em consideração aos pasteis que ela fazia na sua infância pra você comer assistindo ao Sitio do Pica-pau Amarelo), 50 mil pro tio Totonho, marido da tia Jorgete (que comia metade dos pasteis que eram feitos pra você), 1 mil pro primo Guigui, filho da tia Jorgete (que te obrigava a assistir o Show da Xuxa porque ele odiava o Sitio) e 1 real pra prima Larinha, filha (gostosa) da tia Jorgete, (que nunca quis nada com você, sendo que namorou até o Bob Suvaquera, o garoto mais maloqueiro da rua)... então, mesmo nesses momentos, você foi feliz... claro que depois de ver o resultado, ver que não ganhou na sena, e constatar que deveria continuar no mesmo emprego (que você sempre odiou) e não poder ajudar ninguém, sentiu uma frustração bem pior do que se nunca tivesse jogado... mas nem tudo é felicidade plena, ou melhor, nem tudo era felicidade plena, agora, com o nosso site, tudo é FELICIDADE PLENA, basta você querer. Venha ser feliz aqui! Clique agora! Não perca tempo!A curiosidade, segundo as más línguas, matou o gato, porém, não concordo, já vi muito gato morrer atropelado sem ter nenhuma dúvida referente ao veículo que se aproximava rapidamente. Deixando os felinos de lado (esmagados ou não), eu cliquei e posso afirmar com toda a certeza, a felicidade tem novo endereço! Não perca mais tempo! Clique já!
(espero que ninguém clique nesse link desgranido...hehe)
Mais um texto do livro EU ODEIO O ORKUT de Evandro Berlesi.